quinta-feira, 22 de maio de 2008

DOM SGRECCIA DEFINE COMO "MENTIRA MIDIÁTICA" PESQUISAS SOBRE CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS


Cidade do Vaticano, 21 mai (RV) - "Mentira midiática." Assim, o presidente da Pontifícia Academia para a Vida, Dom Elio Sgreccia, define a idéia de que a partir de células-tronco embrionárias é possível encontrar a cura para doenças graves, como o Parkinson e o Alzheimer.


Por isso, Dom Sgreccia convida os meios de comunicação a uma espécie de "conversão" para não divulgar hipóteses infundadas a mando de corporações ou de grupos com interesses particulares.


Em entrevista à Rádio Vaticano, o prelado se refere diretamente ao premiê britânico, Gordon Brown, que apóia esse tipo de pesquisa porque, entre outros fatores, tem um filho com uma grave doença genética.


Dom Sgreccia afirma que existem pesquisas mais promissoras, que utilizam outras estradas. Todavia, o prelado lamenta que a utilização das células-tronco embrionárias tenha se tornado popular, "uma mentira midiática", que é espalhada sem nenhuma base científica.


A mídia, observa, deve obedecer à verdade, para que não se criem ilusões diante da compaixão humana e se sigam estradas que não levaram até agora a nenhum resultado.


A Câmara dos Comuns do Reino Unido aprovou nesta segunda-feira a realização de pesquisas científicas com embriões híbridos, criados a partir de uma combinação de DNA humano e animal.


A liberação do uso de embriões híbridos para fins terapêuticos se insere no projeto de lei sobre Embriologia e Fertilidade Humana, que atualmente tramita no Parlamento.


A proposta para o uso de embriões híbridos em pesquisas causou polêmica no Reino Unido, a ponto de Brown ter de liberar o voto de seus correligionários para evitar uma rebelião dentro do seu próprio partido.


A Igreja Católica no Reino Unido acusa a nova legislação de ser imoral, violar os direitos humanos e permitir aberrações.


A propósito, os presidentes das Conferências episcopais de Inglaterra, Gales, Escócia e Irlanda anunciaram a doação de 25 mil esterlinas em apoio à pesquisa com células-tronco adultas.


A doação foi financiada com uma coleta especial promovida por ocasião do Dia pela Vida. A quantia será entregue ao consórcio internacional "Novussanguis", que promove pesquisas com células-tronco adultas ou extraídas do cordão umbilical.


Os cardeais Cormac Murphy-O'Connor, Seán B. Brady e Keith M. Patrick O'Brien explicaram que a iniciativa pretende ser "um sinal concreto do empenho da Igreja a favor da ciência e do bem humano". (BF)


Fonte: Radio Vaticana... http://www.radiovaticana.com/

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Decreto com o qual são concedidas especiais Indulgências por ocasião dos 2000 anos do nascimento de São Paulo Apóstolo (10 de maio de 2008)




URBIS ET ORBISD E C R E T U M

Saeculo XX expleto postquam Sanctus Apostolus Paulus in terris ortus est,speciales conceduntur Indulgentiae.


Cum instet sollemnitas liturgica Principum Apostolorum, Summus Pontifex, pastorali impulsus sollicitudine, in animo habet tempestive decernere de spiritalibus aperiendis thesauris pro sanctificatione fidelium, ita ut ipsi salutaria proposita semper quidem concipienda, vel maxime hac pia et felici occasione innovent et roborent, in actum ferventissime deducenda inde a primis vesperis memoratae sollemnitatis, praesertim in honorem Apostoli Gentium, a cuius ortu in terris bismillesimus anniversarius dies nunc propinquat.


Sane vero, Indulgentiarum donum, quod Romanus Pontifex universae Ecclesiae praebet, optimae interiori purificationi summo gradu attingendae viam sternit, quae scilicet Beato Paulo Apostolo honorem defert et supernaturalem vitam in cordibus fidelium exaltat et ad fructus bonorum operum gignendos suaviter impellit.

Itaque haec Apostolica Paenitentiaria, cui Beatissimus Pater commisit ut Decretum de Indulgentiis totum per spatium Anni Paulini largiendis et acquirendis praeparet atque redigat, per praesens iuxta ipsius Augusti Pontificis mentem editum, gratias, quae in sequentibus significantur, benigne dilargitur:


I.- Omnibus et singulis christifidelibus vere paenitentibus, qui, rite per Sacramentum Paenitentiae expiati et Sacra Synaxi refecti,papalem Sancti Pauli Basilicam ad viam Ostiensem in forma peregrinationis pie inviserint et ad mentem Summi Pontificis oraverint, plenaria temporalis poenae, pro peccatis luendae, Indulgentia, misericorditer in Domino conceditur atque impertitur, obtenta prius ab iisdem admissorum cuiusque suorum sacramentali remissione ac venia.


Plenaria haec Indulgentia a christifidelibus cum sibi, tum aliis fidelibus vita functis toties lucri fieri poterit, quoties imperata opera rite perficiantur, norma autem illa usque vigente, qua semel dumtaxat in die consequi licet Indulgentiam plenariam.

Ut vero quae in sacris hisce visitationibus effundentur preces ad Sancti Pauli memoriam recolendam fidelium animos studiosius referant atque excitent, haec, quae sequuntur, statuuntur atque iubentur: praeter eas supplicationes, quae ultro pro singulorum pietate ante SS.mi Sacramenti aram ad Deum admovebuntur, ad Confessionis aram recitari debent Oratio Dominica atque Symbolum Apostolorum, additis piis invocationibus in honorem Beatae Mariae Virginis atque Sancti Pauli. Quae quidem animi devotio sibi semper conexam habeat memoriam Principis Apostolorum Sancti Petri.


II.- Christifideles variarum Ecclesiarum localium, suetis condicionibus (sacramentali Confessione, eucharistica Commu-nione et oratione ad mentem Summi Pontificis) rite adimpletis, omnino excluso affectu erga quodcumque peccatum, plenariam lucrari valebunt Indulgentiam, si sacrae functioni vel pio exercitio in honorem Apostoli Gentium publice peractis devote interfuerint: diebus, quibus Annus Paulinus sollemniter aperietur et claudetur, in omnibus sacris aedibus; aliis diebus a loci Ordinario determinandis, in sacris aedibus sub titulo Sancti Pauli et, pro utilitate fidelium, in aliis ab ipso Ordinario designandis.

III.- Denique fideles, morbo vel alia legitima et notabili causa impediti, pariter plenariam consequi poterunt Indulgentiam, semper elongato animo a quocumque peccato et concepto proposito suetas condiciones, cum primum eis possibile erit, adimplendi, dummodo iubilari celebrationi in honorem Sancti Pauli peractae se spiritaliter adiunxerint, preces suas suosque dolores misericordi Deo offerentes pro Christianorum unitate.
Quo autem facilius christifideles caelestium horum munerum participes fieri queant, sacerdotes, competenti ecclesiastica auctoritate ad confessiones audiendas adprobati, prompto et generoso animo sese praebeant ad ipsas excipiendas.


Praesenti per Annum Paulinum tantum valituro. In contrarium facientibus non obstantibus quibuscumque.


Datum Romae, ex aedibus Paenitentiariae Apostolicae, die X mensis Maii, anno Dominicae


Incarnationis MMVIII, in vigilia Dominicae Pentecostes.

IACOBUS FRANCISCUS S. R. E. Card. STAFFORD


Paenitentiarius Maior

Ioannes Franciscus Girotti, O. F. M.


Conv.Ep. Tit. Metensis, Regens

PUBLICADA ORAÇÃO DO PAPA A NOSSA SENHORA PARA O DIA DE ORAÇÃO PELA IGREJA NA CHINA

Cidade do Vaticano, 16 mai (RV) - Foi publicada na edição vespertina de hoje do l’Osservatore Romano, a “Oração do Papa a Nossa Senhora de Sheshan”, escrita para o Dia de Oração pela Igreja na China, que se celebra no sábado, dia 24.
O papa eleva a sua oração à Virgem Santíssima, Mãe do Verbo encarnado e Mãe nossa, venerada com o título de “Auxílio dos cristãos” no Santuário mariano de Sheshan, nas proximidades de Xangai, para que lance o seu olhar sobre o Povo de Deus e o guie pelos caminhos da verdade e do amor, para que, em todas as circunstâncias, seja fermento de harmoniosa convivência entre todos os cidadãos.
Pede à Mãe da esperança, que na escuridão do Sábado Santo caminhou, com inabalável confiança, ao encontro da manhã de Páscoa, que conceda aos seus filhos a capacidade de discernirem em cada situação, mesmo na mais escura, os sinais da presença amorosa de Deus.Suplica a Nossa Senhora de Sheshan que sustente o empenho de quantos na China continuam, no meio das canseiras diárias, a crer, a esperar, a amar, para que nunca temam falar de Jesus ao mundo e do mundo a Jesus.
Que ajude os católicos a serem sempre testemunhas críveis do amor de Deus, mantendo-os unidos à rocha de Pedro sobre a qual está construída a Igreja. A oração, por desejo de Bento XVI, será rezada em todo o mundo no dia 24, dia de Nossa Senhora Auxiliadora, venerada no Santuário mariano de Sheshan. É o Dia de oração pela Igreja na China, como o papa pediu na carta que enviou no ano passado aos católicos chineses.
Nessa carta, Bento XVI pedia aos fiéis de todos os continentes que rezassem pelos chineses, pedindo para eles o dom da perseverança no testemunho, na certeza de que os seus sofrimentos pelo santo nome de Jesus, e a sua lealdade ao seu Vigário na terra serão premiados, embora, por vezes, tudo possa parecer um triste fracasso”. (PL)

ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DE SHESHAN


PAPA BENTO XVI
ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DE SHESHAN



Virgem Santíssima, Mãe do Verbo encarnado e Mãe nossa, venerada com o título de «Auxílio dos cristãos» no Santuário de Sheshan, para o qual, com devoto afecto, levanta os olhos toda a Igreja que está na China, vimos hoje junto de Vós implorar a vossa protecção. Lançai o vosso olhar sobre o Povo de Deus e guiai-o com solicitude materna pelos caminhos da verdade e do amor, para que, em todas as circunstâncias, seja fermento de harmoniosa convivência entre todos os cidadãos.


Com o «sim» dócil pronunciado em Nazaré, Vós consentistes que o Filho eterno de Deus encarnasse no vosso seio virginal e assim desse início na história à obra da Redenção, na qual cooperastes depois com solícita dedicação, aceitando que a espada da dor trespassasse a vossa alma, até à hora suprema da Cruz, quando no Calvário permanecestes de pé junto do vosso Filho, que morria para que o homem vivesse.

Desde então tornastes-Vos, de forma nova, Mãe de todos aqueles que acolhem na fé o vosso Filho Jesus e aceitam segui-Lo carregando a própria Cruz sobre os ombros. Mãe da esperança, que na escuridão do Sábado Santo caminhastes, com inabalável confiança, ao encontro da manhã de Páscoa, concedei aos vossos filhos a capacidade de discernirem em cada situação, mesmo na mais escura, os sinais da presença amorosa de Deus.


Nossa Senhora de Sheshan, sustentai o empenho de quantos na China continuam, no meio das canseiras diárias, a crer, a esperar, a amar, para que nunca temam falar de Jesus ao mundo e do mundo a Jesus. Na imagem que encima o Santuário, levantais ao alto o vosso Filho, apresentando-O ao mundo com os braços abertos em gesto de amor. Ajudai os católicos a serem sempre testemunhas credíveis deste amor, mantendo-se unidos à rocha de Pedro sobre a qual está construída a Igreja. Mãe da China e da Ásia, rogai por nós agora e sempre. Amen.

BISPOS BRASILEIROS PARTICIPAM DE SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE MOVIMENTOS E NOVAS COMUNIDADES ECLESIAIS

Rocca di Papa, 16 mai (RV) - O Pontifício Conselho para os Leigos está promovendo, desde ontem, em Rocca di Papa, nas proximidades de Roma, um Seminário Internacional para "refletir e dialogar sobre a realidade dos movimentos eclesiais".
Participam do encontro, que se concluirá amanhã, mais de 100 bispos, provenientes de 50 países, entre os quais o Brasil. Entre os quatro bispos brasileiros, destacamos Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo de Palmas, Tocantins, convidado do organismo Vaticano.
Está presente também Moisés Azevedo, fundador do Movimento “Shalom”. O tema central é: "Peço-lhes para ir ao encontro dos movimentos com muito amor", extraído do discurso de Bento XVI a um grupo de bispos alemães, em visita "ad Limina", em 2006. Naquele ano, realizou-se um Congresso sobre o tema: "A beleza de ser cristão e a alegria de comunicá-la", que contou com a participação de mais de cem responsáveis de movimentos eclesiais.
Segundo o Pontifício Conselho para os Leigos, presidido pelo Cardeal Stanislaw Rylko, após dois anos, "pareceu oportuno prosseguir, com os pastores provenientes de todas as partes do mundo, a reflexão sobre os movimentos eclesiais e as novas comunidades, que são um dom do Espírito Santo para a Igreja do nosso tempo".
A finalidade do Seminário para Bispos, este ano, é "aprofundar o significado teológico, eclesial e pastoral dos movimentos eclesiais e das novas comunidades e delinear as tarefas dos pastores em relação a eles". Os numerosos participantes deverão ser recebidos, amanhã, pelo Santo Padre, no Vaticano. (MT)

segunda-feira, 12 de maio de 2008

A música no Tempo Litúrgico

Diz a Sacrosanctum Concilium, no seu capítulo VI, sobre a musica sacra: “A tradição musical da Igreja constitui um tesouro de inestimável valor. Assim o canto sacro faz parte necessária ou integrante da liturgia solene” (SC 112).
Tendo como fonte inspiradora a palavra do Santo Concílio percebemos que a música, na liturgia sagrada, não é um mero enfeite, ou um adorno como ouvimos dizer por ai: “Cantamos qualquer coisa e de qualquer jeito”. Neste sentido, dentro dessa frase típica das mentes despreparadas, observamos algumas lacunas que devem ser vencidas.
Não é qualquer coisa que deve ser cantada na liturgia, deve-se primeiro observar o tempo litúrgico, a realidade litúrgica e se o próprio canto é litúrgico, por esse motivo a música litúrgica “será tanto mais santa quanto mais intimamente estiver ligada á ação litúrgica, quer exprimindo mais suavemente a oração, quer favorecendo a unanimidade, quer, enfim, dando maior solenidade aos ritos sagrados.” (SC 112)
Vejamos, pois o que cantar no Tríduo Sacro.
Cantar a ceia do Senhor Canta a ceia do Senhor é cantar, de véspera, em resumo e por antecipação, o Mistério que vai se desdobrar nas celebrações do Tríduo Sacro da Morte, Sepultura e Ressurreição do Senhor. É essencialmente “a nossa glória” (antífona de entrada). Pois é a glória dessa cruz que brilha no MANDAMENTO DO AMOR, instituído nesta noite e celebrado nos cantos do lava-pés... E é o brilho dessa cruz que resplandece no Sacramento do amor, instituído nesta noite e decantado durante a comunhão: “Este é o corpo que será entregue por vós, este é o cálice da nova aliança no meu sangue, diz o Senhor” (1 Cor 11,24) Antífona de comunhão.
Cantar a paixão do Senhor É, primeiro, cantar o pranto de uma perda irreparável, cantar a dor e o protesto do inocente injustiçado, cantar a tristeza, sem fim, d’Aquele que “ veio para o que era seu e os seus não o receberam” (Jô 1, 11, Is 53): “Ó meu povo, em que te contristei?... responde-me!” (lamentos) É depois cantar a confiança do Servo sofredor, que se entregou, sem reservas, nas mãos d’Aquele que o pode livrar “do poder do inimigo e do opressor” (Sl 31,16) e aguarda com ânimo forte e resistente a sua salvação. É, nesta confiança sem limites, que o canto nos inspira, abandonar-nos com Cristo nas mãos do Pai, para a realização dos seus desígnios: “Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,43). É finalmente, cantar a vitória do Amor e a glória d’Aquele que “se fez por nós obediente até a morte e morte de Cruz. Por isso Deus o exaltou...” (Fl 2,8s).
Cantar a Ressurreição do Senhor É cantar em escuridão, ao crepitar de uma fogueira que nunca se extingue, o resplendor de uma luz que jamais se apagará! (Lit. luz). É proclamar as maravilhas que fez o senhor, desde a Criação do universo, passando pela libertação dos Hebreus, até a restauração após o exílio, e sobretudo, retomar o alegre ALELUIA da vitória de Cristo sobre o mundo e sobre a morte, da qual participamos todos os que n’Ele fomos batizados, á semelhança de sua Morte e Ressurreição (Liturgia da Palavra). É deleitar-se com a presença do ressuscitado, ao ver jorrar do seu lado aberto a fonte da Salvação, e beber com alegria da água da Vida, restaurando assim as energias perdidas no desgaste de uma vida sem sentido, privada do seu objetivo maior: o encontro com o Deus vivo! (Liturgia batismal) É celebrar com satisfação inédita a Ceia do Cordeiro imaculado, nossa páscoa, comendo do Pão não fermentado, com corações sinceros e contentes, e assumindo com mais garra do que nunca, na força do Espírito da verdade, o compromisso com a causa do Reino, neste mundo de trevas, onde a morte impera sob tantas formas de opressão (lit. Eucarística). E, assim, a Rainha de todas as noites, a seresta da ressurreição, será aquele cantar forte e vibrante, mais solene e significativo, que manterá acesa, por todos os dias da Qüinquagésima Pascal, e reacenderá, cada domingo do ano, aquela Esperança que “não engana. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nós foi doado” (Rm 5,5) (Conf. A Oração após a comunhão).
O autor:
MOURA, Clebson Ferreira Aluno do 5º. Período de Teologia - Diocese de Propriá Maestro do Coral do Seminário.
Fontes bibliográficas:
HINARIO LITÚRGICO CNBB, 2º. Fascículo. In: Quaresma, Semana Santa, Páscoa e Pentecostes. Paulus. 2004 (Pgs 7-10)
COMPÊNDIO DO VATICANO II. 29ª. E

Profeta - Joel

Joel


Joel foi um dos profetas Menores filho de Fatuel: “Oráculo do Senhor dirigido a Joel, filho de Fatuel” (Jl 1, 1). De Joel, filho de Fatuel, nada se sabe para além do que pode deduzir-se da sua obra. O profeta exerceu o seu ministério em Jerusalém e foi um homem profundamente conhecedor do mundo rural, embora se suponha que não fosse de origem camponesa. De fato, a sua qualidade poética, o conhecimento profundo dos profetas anteriores e a maneira como trata a própria língua, situam-no num ambiente cultural muito mais elaborado.

O seu livro, a nossa única fonte de informações, não menciona nem a época, nem o domicílio, nem a profissão do profeta. Como a sua pregação tem por tema central: Judá e Jerusalém, ele deve ter sido judaíta; parece não ter pertencido à classe sacerdotal “Já não há oferta nem libação no templo do Senhor. Os sacerdotes, servos do Senhor, estão de luto... Revesti-vos de sacos, sacerdotes, e batei no peito! Lamentai-vos, ministros do altar! Vinde, passai a noite vestidos de saco, servos de meu Deus!” (Jl 1,9.13).

Deste profeta, o trecho mais conhecido é 3, 1-5. Esses versículos são citados no discurso que Pedro fez no dia de Pentecostes. Assim está disposto nos Atos dos Apóstolos:

Pedro então, pondo-se de pé em companhia dos Onze, com voz forte lhes disse: Homens da Judéia e vós todos que habitais em Jerusalém: seja-vos isto conhecido e prestai atenção às minhas palavras. Estes homens não estão embriagados, como vós pensais, visto não ser ainda a hora terceira do dia. Mas cumpre-se o que foi dito pelo profeta Joel: Acontecerá nos últimos dias - é Deus quem fala -, que derramarei do meu Espírito sobre todo ser vivo: profetizarão os vossos filhos e as vossas filhas. Os vossos jovens terão visões, e os vossos anciãos sonharão. Sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei naqueles dias do meu Espírito e profetizarão. Farei aparecer prodígios em cima, no céu, e milagres embaixo, na terra: sangue fogo e vapor de fumaça. O sol se converterá em trevas e a lua em sangue, antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor. E então todo o que invocar o nome do Senhor será salvo. (At 2, 14-21).

Por isso, ele também é chamado o profeta de Pentecostes.

O tema do livro é: Dia de Javé, que se aproxima:

“Publicai o jejum, convocai a assembléia, reuni os anciãos e toda a população no templo do Senhor, vosso Deus, e clamai ao Senhor: Ai, que dia! O dia do Senhor, com efeito, está próximo, e vem como um furacão desencadeado pelo Todo-poderoso” (Jl 1, 14-15).

Divisão

Os seus escritos estão divididos em duas partes: uma invasão de gafanhotos que assola Judá provoca uma liturgia de luto e súplica; Javé responde prometendo o fim da praga e a volta da abundância (1, 2-2, 27). E a descrição em estilo apocalíptico o julgamento das nações e a vitória definitiva de Iahweh e de Israel (3-4).


Historicidade

Desde a antiguidade datava-se o livro antes do cativeiro babilônico, porque entre os inimigos de Judá não são mencionados nem os assírios, nem os babilônicos, nem mesmo os arameus. Muitos autores colocaram-no nos anos da juventude do rei Joás (cerca de 830), porque no livro não é mencionado nenhum rei; outros sob Azarias (cerca de 760), porque no cânon Joel está entre Amós e Oséias, o que o apresentaria como contemporâneo deles, ou sob Ezequias, Manassés ou Josias. Com maior razão, muitos autores mais recentes colocam-no depois do cativeiro babilônico, por causa da situação religiosa – Israel como comunidade de justos é uma idéia tipicamente pós-exílica – e política – ausência do reino das dez tribos; a promessa de que Israel “não mais” estaria debaixo de estrangeiros:

O Senhor respondeu ao seu povo: Vou mandar-vos trigo, vinho e óleo, e deles sereis fartos, e não vos farei mais objeto de opróbrio diante dos pagãos. Afastarei de vós aquele que vem do norte, e lançá-lo-ei para uma terra árida e deserta, sua vanguarda para o mar oriental, e sua retaguarda para o mar ocidental. Exalar-se-á um mau cheiro dali, um cheiro de podridão (porque ele fez grandes coisas!) Não temas, terra, estremece de alegria e de júbilo, porque o Senhor fez grandes coisas. Não temais, animais dos campos, porque as pastagens do deserto reverdecerão, as árvores darão seu fruto, a figueira e a vinha produzirão abundantemente. Alegrai-vos, filhos de Sião, e rejubilai no Senhor, vosso Deus, porque ele vos dá as chuvas do outono no tempo oportuno, e faz cair chuvas copiosas sobre vós, as chuvas do outono e da primavera, como dantes. As eiras se encherão de trigo, os lagares transbordarão de vinho e de óleo novo. Restituir-vos-ei as colheitas devoradas pelo gafanhoto, pelo roedor, pelo devastador e pela lagarta, (esse) meu poderoso exército que mandei contra vós. Comereis abundantemente e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor, vosso Deus, que fez maravilhas em vosso favor; e jamais meu povo será confundido. Sabereis então que estou no meio de Israel, que sou o Senhor, vosso Deus, e que não há outro. E jamais meu povo será confundido. (Jl 2, 19s).


Alguns autores colocam o livro durante o cativeiro babilônico ou mesmo por volta de 300, sob Ptolomeu Soter (M. Treves).


A Exegese

A exegese antiga via, geralmente, nos gafanhotos, uma indicação alegórica de povos inimigos que deviam invadir ou já haviam invadido o país. Para diversos autores modernos trata-se de uma figura apocalíptica, simbolizando os horrores dos últimos tempos (Ap 9). A “communis opinio”, porém vê os gafanhotos como uma praga real, contemporâneo, que se tornou para Joel um ensejo de pregar a penitência e pintar o Dia de Javé. A maior parte dos comentadores identificam a praga como o primeiro sermão com a do segundo, outros consideram a segunda como uma fase mais adiantada em comparação com a primeira: o primeiro descreveria então a presença da praga nos campos; o segundo como a praga se aproxima de Jerusalém. Há também autores que consideram os gafanhotos do primeiro sermão reais os do segundo como uma imagem dos exércitos que, em breve, virão.

1, 2-12 – Joel convoca todos para contemplar o triste espetáculo da natureza destruída por uma praga de gafanhotos; todos foram atingidos e nada restou, nem mesmo o necessário para a liturgia cotidiana.
1, 13-20 – Apelo à penitência e à oração; O luto, o jejum e a súplica formam o grande ato litúrgico que leva a comover Iaweh, o Senhor, a fim de que ele acalme a sua ira e abençoe novamente o povo.
2, 1-11 – O profeta se serve de uma figura, a invasão de gafanhotos, para descrever o Dia do Senhor, isto é, do julgamento em que Deus manifestará a verdade de cada um.
2, 12-17 – A calamidade faz com que o povo se volte para Deus. Este, porém, não quer um rito puramente exterior, mas um profundo movimento coletivo de conversão, pois ele conhece o homem por dentro, e não somente pela aparência.
2, 18-27 – A conversão sincera é abençoada por Deus com novos tempos de abundância. O povo, agora, é convidado a agradecer e louvar a Deus. Refazendo a dignidade do povo, o Senhor refaz também a sua honra.
3, 1-5 – Joel salienta que Deus dará o seu espírito a todos, sem distinção de idade, sexo, condição social. Pelo Espírito, todos reconhecerão o projeto de Deus e viverão de acordo com o projeto divino.
4, 1-8 – A restauração de Israel, supõe o castigo das outras nações que haviam oprimido. O lugar é simbólico, pois Josafá significa: Deus Julga.
4, 9-17 – O julgamento é apresentado como guerra santa, um combate entre Deus e as nações que se opõe ao projeto dele.
4, 18-21 – Com o julgamento começa para o povo de Deus uma era paradisíaca. Doravante o povo terá vida em plenitude, por que o Senhor habitará para sempre no meio dele.


A Teologia

A teologia que perpassa os escritos de Joel nos mostra a condenação dos pecados, tão característica dos profetas antigos, falta em Joel. Ele conhece apenas uma penitencia ritual frente a Deus que é “bom e compassivo, longânime e indulgente” (2, 13). O “Dia de Javé” já não é mais uma peneiração moral, mas traz desagravo para o povo de Deus, vergonha aos pagãos que causaram o dano. Os pagãos não terão parte nas bênçãos futuras; a efusão do Espírito limita-se a Israel. É o particularismo do pós-cativeiro. O valor do livro consiste primordialmente nisto: ele é mais antigo do que o apocalipse homogêneo que possuímos. Tornou-se muito conhecido pela predição de que no Dia de Javé a comunidade de Jerusalém seria transformada pelo Espírito de Deus numa comunidade de extáticos:

Depois disso, acontecerá que derramarei o meu Espírito sobre todo ser vivo: vossos filhos e vossas filhas profetizarão; vossos anciãos terão sonhos, e vossos jovens terão visões. Naqueles dias, derramarei também o meu Espírito sobre os escravos e as escravas. Farei aparecer prodígios no céu e na terra, sangue, fogo e turbilhões de fumo. O sol converter-se-á em trevas e a lua, em sangue, ao se aproximar o grandioso e temível dia do Senhor. Mas todo o que invocar o nome do Senhor será poupado, porque, sobre o monte Sião e em Jerusalém, haverá um resto, como o Senhor disse, e entre os sobreviventes estarão os que o Senhor tiver chamado. (Jl 3, 1-5)

A sua exortação à penitência foi adotada pela liturgia cristã da Quarta-Feira de Cinzas e da Quaresma, a qual conclama os fiéis a, neste tempo forte de encontro com Deus no deserto, converter-se e oferecer a Deus um sacrifício agradável de oração, caridade e penitência:

Por isso, agora ainda - oráculo do Senhor -, voltai a mim de todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos de luto. Rasgai vossos corações e não vossas vestes; voltai ao Senhor vosso Deus, porque ele é bom e compassivo, longânime e indulgente, pronto a arrepender-se do castigo que inflige. Quem sabe se ele mudará de parecer e voltará atrás, deixando após si uma bênção, ofertas e libações para o Senhor, vosso Deus? Chorem os sacerdotes, servos do Senhor, entre o pórtico e o altar, e digam: Tende piedade de vosso povo, Senhor, não entregueis à ignomínia vossa herança, para que não se torne ela o escárnio dos pagãos! Por que diriam eles: onde está o seu Deus? (Jl 2, 12-14.17)

A primeira parte do livro de Joel é um ensinamento sobre o comportamento e a pedagogía de Deus na educação do seu povo ao longo da história. Os grandes desastres julgavam ser o castigo de Deus por causa dos pecados do povo e eram chamados à conversão.


Conclusão

Somente reconhecendo o Senhor como fonte e cume de toda a história e vida de um povo, bem como nossa, podemos fazer a experiência de sermos agraciados com os dons da bondade de Deus, bem como de sua proteção em tempos de adversidade.

O profeta Joel, tem o papel de fazer essa ponte entre o povo e Deus, Deus e povo. Anuncia, denuncia, proclama, testemunha, orienta e faz o povo reconhecer que o Dia do Senhor está próximo, e a mudança de vida é a base para se fazer uma expriência verdadeira de Deus.

Quando o povo se volta para Deus de coração sincero então ele põe em cada coração seu Espírito, impulsionando e dando força para vencer toda e qualquer tribulação.

Sendo assim, podemos concluir que em Deus, segundo Joel, está contida: as bênçãos na adversidade, a vitória nos conflitos, a justiça no juízo e julgamento.

Tudo isso para que o povo saiba então que estou no meio de Israel, que sou o Senhor, vosso Deus, e que não há outro. E jamais meu povo será confundido.(Jl 2, 27).
Bibliografia:

FREITAS, Jacir de Farias – Profetas e Profetizas na Bíblia, Teologias Bíblicas 5, Paulinas, São Paulo-SP, 2006.
BÍBLIA DE JERUSALÉM. Cod.José Bortoline. Paulus, São Paulo. 2002.
TEB. Cod. Fidel Gárcia Rodrigues. Loyola. 2002.
Os Profetas e os livros Proféticos. Paulinas, São Paulo. 1992.
SELLIN, E. FOHRER, G. Abdias. In: Introdução ao Antigo Testamento. Paulus, São Paulo. 2007.