segunda-feira, 12 de maio de 2008

A música no Tempo Litúrgico

Diz a Sacrosanctum Concilium, no seu capítulo VI, sobre a musica sacra: “A tradição musical da Igreja constitui um tesouro de inestimável valor. Assim o canto sacro faz parte necessária ou integrante da liturgia solene” (SC 112).
Tendo como fonte inspiradora a palavra do Santo Concílio percebemos que a música, na liturgia sagrada, não é um mero enfeite, ou um adorno como ouvimos dizer por ai: “Cantamos qualquer coisa e de qualquer jeito”. Neste sentido, dentro dessa frase típica das mentes despreparadas, observamos algumas lacunas que devem ser vencidas.
Não é qualquer coisa que deve ser cantada na liturgia, deve-se primeiro observar o tempo litúrgico, a realidade litúrgica e se o próprio canto é litúrgico, por esse motivo a música litúrgica “será tanto mais santa quanto mais intimamente estiver ligada á ação litúrgica, quer exprimindo mais suavemente a oração, quer favorecendo a unanimidade, quer, enfim, dando maior solenidade aos ritos sagrados.” (SC 112)
Vejamos, pois o que cantar no Tríduo Sacro.
Cantar a ceia do Senhor Canta a ceia do Senhor é cantar, de véspera, em resumo e por antecipação, o Mistério que vai se desdobrar nas celebrações do Tríduo Sacro da Morte, Sepultura e Ressurreição do Senhor. É essencialmente “a nossa glória” (antífona de entrada). Pois é a glória dessa cruz que brilha no MANDAMENTO DO AMOR, instituído nesta noite e celebrado nos cantos do lava-pés... E é o brilho dessa cruz que resplandece no Sacramento do amor, instituído nesta noite e decantado durante a comunhão: “Este é o corpo que será entregue por vós, este é o cálice da nova aliança no meu sangue, diz o Senhor” (1 Cor 11,24) Antífona de comunhão.
Cantar a paixão do Senhor É, primeiro, cantar o pranto de uma perda irreparável, cantar a dor e o protesto do inocente injustiçado, cantar a tristeza, sem fim, d’Aquele que “ veio para o que era seu e os seus não o receberam” (Jô 1, 11, Is 53): “Ó meu povo, em que te contristei?... responde-me!” (lamentos) É depois cantar a confiança do Servo sofredor, que se entregou, sem reservas, nas mãos d’Aquele que o pode livrar “do poder do inimigo e do opressor” (Sl 31,16) e aguarda com ânimo forte e resistente a sua salvação. É, nesta confiança sem limites, que o canto nos inspira, abandonar-nos com Cristo nas mãos do Pai, para a realização dos seus desígnios: “Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,43). É finalmente, cantar a vitória do Amor e a glória d’Aquele que “se fez por nós obediente até a morte e morte de Cruz. Por isso Deus o exaltou...” (Fl 2,8s).
Cantar a Ressurreição do Senhor É cantar em escuridão, ao crepitar de uma fogueira que nunca se extingue, o resplendor de uma luz que jamais se apagará! (Lit. luz). É proclamar as maravilhas que fez o senhor, desde a Criação do universo, passando pela libertação dos Hebreus, até a restauração após o exílio, e sobretudo, retomar o alegre ALELUIA da vitória de Cristo sobre o mundo e sobre a morte, da qual participamos todos os que n’Ele fomos batizados, á semelhança de sua Morte e Ressurreição (Liturgia da Palavra). É deleitar-se com a presença do ressuscitado, ao ver jorrar do seu lado aberto a fonte da Salvação, e beber com alegria da água da Vida, restaurando assim as energias perdidas no desgaste de uma vida sem sentido, privada do seu objetivo maior: o encontro com o Deus vivo! (Liturgia batismal) É celebrar com satisfação inédita a Ceia do Cordeiro imaculado, nossa páscoa, comendo do Pão não fermentado, com corações sinceros e contentes, e assumindo com mais garra do que nunca, na força do Espírito da verdade, o compromisso com a causa do Reino, neste mundo de trevas, onde a morte impera sob tantas formas de opressão (lit. Eucarística). E, assim, a Rainha de todas as noites, a seresta da ressurreição, será aquele cantar forte e vibrante, mais solene e significativo, que manterá acesa, por todos os dias da Qüinquagésima Pascal, e reacenderá, cada domingo do ano, aquela Esperança que “não engana. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nós foi doado” (Rm 5,5) (Conf. A Oração após a comunhão).
O autor:
MOURA, Clebson Ferreira Aluno do 5º. Período de Teologia - Diocese de Propriá Maestro do Coral do Seminário.
Fontes bibliográficas:
HINARIO LITÚRGICO CNBB, 2º. Fascículo. In: Quaresma, Semana Santa, Páscoa e Pentecostes. Paulus. 2004 (Pgs 7-10)
COMPÊNDIO DO VATICANO II. 29ª. E

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