quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Jesus Cristo é o "Centro da Espiritualidade Sacerdotal"

Quem é o modelo por excelência da Espiritualidade Sacerdotal: Maria ou Jesus?

A Santa Mãe Igreja tem um profundo carinho e respeito pela pessoa de Maria. Este carinho todo especial é porque Maria é a mãe de nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus; pelo seu testemunho de fé em Deus. Além disso, a Igreja afirma com veemência que Maria é Mãe de Deus (cf. Concílio de Éfeso 431). Jesus é Deus (cf. Is 7,14; Jo 1.1.14; 10.30; 14,7.9-11). Assim, Maria é a mãe do Senhor (cf. Lc 1,43).
A Mãe do Salvador é cheia da graça de Deus (cf. Lc 1,28), repleta da misericórdia de Deus. Ela nunca foi uma mulher arrogante, “metida”, auto-suficiente, invejosa, hipócrita, mas humilde, simples, honesta, verdadeira, caridosa, fiel, obediente, temente a Deus; uma autêntica evangelizadora, missionária, “Serva do Senhor” (Lc 1,38).
Por isso, a Lumen Gentium diz que “Todos os fiéis cristãos supliquem instantemente á Mãe de Deus e Mãe dos homens, para que Ela, que com suas preces assistiu ás primícias da Igreja, também agora exaltada no céu sobre todos os Santos, interceda junto a seu Filho até que todas as famílias dos povos, tanto as que estão ornadas com o nome de cristão, como as que ainda ignoram o seu Salvador, sejam felizmente congregadas na paz e concórdia, no único Povo de Deus, para a glória da Santíssima e Indivisa Trindade” (nº. 69).
Maria de Nazaré viveu em profunda comunhão com Deus e o próximo. A Mãe de Deus foi uma mulher pura, santa. A mulher de Nazaré é santa por causa de Deus, pois, ninguém é santo sem Deus. Este é a fonte da santidade, o Santo por excelência (cf. Is 6,3).
Diante desta síntese sobre o amor que a Igreja tem pela Mãe de Deus, cabe-nos responder a pergunta fundamental deste simples artigo: Quem é o modelo por excelência da Espiritualidade Sacerdotal: Maria ou Jesus? Ora, podemos asseverar, sem medo de errar que o modelo por excelência da Espiritualidade Sacerdotal não é a Mãe Santíssima, mas o Senhor Jesus Cristo. Ele (Cristo) é a essência do ministério sacerdotal porque é Filho de Deus, o Salvador.
A Exortação Apostólica de Paulo VI: O culto da virgem Maria, diz que “Cristo é o modelo supremo, ao qual o discípulo deve conformar o próprio comportamento [...], até chegar ao ponto de ter em si os seus mesmos sentidos [...], viver da sua vida e possuir o seu Espírito [...]: foi isto o que a Igreja ensinou em todos os tempos e nada, na atividade pastoral, deve ensombrar jamais esta doutrina” (nº. 57).
E mais ainda, João Paulo II escreve na Redemptor Hominus que: “O Redentor do homem, Jesus Cristo, é o centro dos cosmos e da história” (nº. 1).
Quem instituiu o sacerdócio não foi a Bem-aventurada Virgem Maria, mas o Redentor (cf. Mc 3,13). O Filho da Virgem Maria criou o sacerdócio para continuar a sua missão salvífica: proclamar o Evangelho a toda criatura (cf. Mc 16,15), fazer a vontade do Senhor (cf. Jo 6,38), pregar o Reino dos Céus (cf. Lc 9,2), amar a Deus e ao próximo (cf. Mt 22,37.39).
A vocação sacerdotal é dom de Cristo Jesus, pois quem escolhe é o próprio Senhor (cf.15,16). Assim, o sacerdócio não é mérito humano, e sim do coração de Jesus. Mas, afinal, o que é um sacerdote? Em poucas palavras, podemos dizer que o sacerdote é um ministro do Senhor Jesus. Ou seja, os sacerdotes “são servos do Cristo e administradores dos mistérios de Deus” (1 Cor 4,1).
Neste contexto, a Pastores Dabo Vobis afirma que “[...] o presbítero encontra a verdade plena da sua identidade no fato de ser uma derivação, uma participação específica e uma continuação do próprio Cristo, sumo e único Sacerdote da nova e eterna Aliança: ele é uma imagem viva e transparente de Cristo Sacerdote. O sacerdócio de Cristo, expressão da sua absoluta “novidade” na história da salvação, constitui a fonte única e o insubstituível paradigma do sacerdócio do cristão, e, especialmente, do presbítero. A referência a Cristo é, então, a chave absolutamente necessária para a compreensão das realidades sacerdotais” (nº. 12).
O magnífico Documento de Aparecida diz também que: “O presbítero, à imagem do Bom Pastor, é chamado a ser homem de misericórdia e compaixão, próximo a seu povo e servidor de todos, particularmente dos que sofrem grandes necessidades” (nº.198).
A Bíblia mostra brilhantemente como os Presbíteros devem exercer o seu ministério eficazmente: “Apascentai o rebanho de Deus que vos foi confiado, cuidando dele, não como por coação, mas livre vontade, como Deus o quer, nem por torpe ganância, mas por devoção, nem como senhores daqueles que vos couberam por sorte, mas, antes, como modelos do rebanho. Assim, quando aparecer o supremo pastor, recebereis a coroa imarcescível da glória” (1 Pd 5,2-4).
Nesta linha de pensamento, a Presbyterorum Ordinis salienta também que “o fim que visam os Presbíteros, por seu ministério e vida, é ocupar-se da glória de Deus Pai em Cristo [...] e levar os homens a se adiantarem na vida divina” ( nº. 2).
O sacerdote só é realmente feliz em Cristo Ressuscitado. Isto quer dizer que a felicidade plena e verdadeira do sacerdote é o Emanuel. Muitos cristãos católicos colocam no centro da fé cristã: Maria, os Anjos, os Santos, a RCC, a Pastoral da Família, a Catequese, o Apostolado da Oração, a Legião de Maria, o dinheiro, carro, apartamento. É lamentável! O essencial é o Messias.
Muitos católicos falam mais da Mãe do Redentor, porém, esquecem do Filho do homem, que é a centralidade da pregação evangélica. A Mãe do Verbo Encarnado nunca quis tomar o lugar de Jesus. Ela jamais quis ser o centro da fé cristã. Talvez seja por falta de conhecimento teológico que alguns católicos fazem as seguintes afirmações: Maria cura, Maria salva. Quem cura é Jesus; ela simplesmente intercede ao seu Filho. Quem salva é Jesus. Este é o único Salvador (cf. At 4,12).
Portanto, a Santa Mãe Igreja ama profundamente Maria Santíssima, a Mãe de Jesus. No entanto, a própria Igreja tem consciência que o modelo por excelência da Espiritualidade Sacerdotal é cristológico, não mariológico. Ou seja, O Filho de Deus é a essência da Espiritualidade sacerdotal. Ele é o Bom Pastor (cf. Jo10,11), a luz do mundo (cf. Jo 8,12), a Ressurreição ( cf. Jo 11,25), o pão da vida ( cf. Jo 6,48), a Verdade ( cf. Jo 14,6), a Videira ( cf. Jo 15,1). Jesus é o Bom Pastor porque “se despoja da própria vida por suas ovelhas” (Jo 10,11), “conhece as ovelhas” (Jo 10,14), “conhece o Pai” (Jo 10,15). Cristo é “o grande pastor das ovelhas” (Hb 13,20).
No mais, o Presbítero deve permanecer em comunhão com o Bom Pastor: “Permanecei em mim, como eu em vós [...], porque, sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,4-5). Quando o sacerdote não está em comunhão com o “Sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, elevado acima dos céus” (Hb 7,26), é meramente um “funcionário” do sagrado, mas não pastor. A vida toda de Cristo foi um autêntico sacerdócio, o mais perfeito entre a humanidade. Só o Filho do homem é plenamente Sacerdote. Cristo é o Sacerdote dos sacerdotes!

Tenório Fialho dos Santos. Acadêmico do 3° ano de teologia do Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição, Aracaju, Se.

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